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quinta-feira, 8 de julho de 2010

Uma dose de felicidade, duas de indiferença.

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Existe aquela história, de esperar a tempestade passar, porque depois surge o sol, forte e ofuscante, ou o arco-íris, nítido e encantador, ou qualquer símbolo desses que te tranquiliza.
Entretanto, conosco nunca aconteceu. Nem vai acontecer...
Porque nós não nascemos para ser felizes juntos, você sabe.
Lembro de quando você surgiu na minha vida, veio assim como quem nada queria. Mas você queria ser meu amigo e você foi, por muito tempo. Por alguns anos, até. Até quando te afastei...
Deus! O que eu fiz? Essa vontade de voltar no tempo é só pra acabar com aquilo. Na verdade, queria ficar de fora... Como se o passado fosse um rolo de filme, daqueles antigos e eu ficasse de fora, vendo-o passar assim, só pra me torturar, pra me fazer pensar "Como você foi idiota!".
Mas não eu, você mesmo. Você por se aproximar de mim, você por gostar tanto de mim. Eu não valho a pena, moço... Desculpa, mas não valho. Você sim, você vale tanto, tanto, que todas as brigas e confusões giram em torno de você. Porque todos querem te ter. E, oh deus, eu não o mereço. Não, não.
E assim, do meu jeitinho discreto, frio e distante, é que me despeço. Não consigo mais lutar, como em outros tempos eu faria. Já não tenho forças e nem disposição. Eu tô cansada (e um tanto apática). Hoje sou do tipo que fica em casa, lendo o jornal de ontem, tomando café e esperando que alguém, algum dia, apareça e me diga: "Ele está feliz!"
Então respirarei aliviada. Com alguma dor no peito, mas aliviada.

2 comentários:

  • Este comentário foi removido pelo autor.
  • 5 de outubro de 2010 às 19:47

    A visão deste Gato em relação a escritores/poetas, em geral, principalmente nesta época maluca em que se vive atualmente, é a de que quase nunca eles conseguem fugir a escrever aquilo que trazem bem no fundo de suas almas, de seus corações. É claro que sempre se pode ser o "poeta fingidor" do Pessoa, mas eles tendem mais a ser o "poeta de si mesmo" do Quintana, no melhor significado que se pode extrair disto.

    Não sei até que ponto o poeta fingidor ou o poeta de si mesmo estiveram presentes, ou em que medida, neste vosso texto, srta. Andy. Pelo teor do que escreveste, pela intensidade velada que se insinua nas entrelinhas de cada palavrinha, de cada oração, este Gato tende a crer que, senão de todo, mas boa parte do narrado remete a uma situação real. Longe deste Felino vir aqui tecer qualquer juízo de valor em relação a vossas escolhas. Mas parece mesmo que a boa lírica não consegue se afastar muito do sofrimento: a tristeza é o alimento secreto do qual tanto a Poesia e a Literatura tiram forças para criar seus reinos de beleza e sonho.

    Sendo um conto ou um fato, ou um misto de ambos, não importa: a beleza intrínseca da história, sua sutileza e simplicidade, são marcantes. Nada mais belo que o amor que não damos continuidade não por falta de amor, não por falta de oportunidade, mas por uma certeza dentro de nós que nos faz crer, de uma maneira tão forte, de uma maneira tão triste, que não merecemos tal amor. Melancólico, sim, deveras, porém muito belo. Talvez traga em si uma certa dose de covardia, de medo, de incerteza, mas a verdade é que muitos de nós - quer dizer, talvez poucos - parecem ter sido marcados pelo Destino como avessos à Felicidade, não de maneira total, não por incapacidade, mas por um sentimento que os ordena, continuamente, que não lhes é permitido adentrar no mundo fantástico onde reside a Ventura Eterna que pode advir de um grande amor encontrado.

    O final, de uma simplicidade feroz, é de partir o coração: o pensamento, que não cessa de seguir o amado afastado por conta própria, ao mesmo tempo que sofre, alegra-se, incomumente, por saber que, nalgum lugar do mundo, há alguém ou algo fazendo nosso proibido amor feliz, tão somente feliz. Alívio com pitadas de olhar perdido.

    Muito bom.
    Saudação felina. Até a próxima.