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terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Antônia querida,

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terça-feira, 29 de dezembro de 2009

hoje é mais um daqueles dias em que acordo com os pés sujos, uma sede insaciável e um cheiro de cigarro terrível que impregna todo o meu cabelo - quiçá todo meu ser. Mas não estou lhe escrevendo para falar da noite que passou, porque, bem, eu não me recordo da noite de ontem e mesmo que recordasse decerto que não seria interessante versar sobre tal acontecimento (as coisas por aqui acontecem muito linearmente, querida...)
O que quero dizer é que estou angustiada, beirando a loucura. Por vezes penso que perdi minha identidade e isso me incomoda e me machuca.
Cada gole de conhaque nessas noites insanas me faz achar que eu não sou assim ou que o caminho para o meu verdadeiro eu foi apagado do mapa da vida ou mesmo que eu não saberia seguí-lo.

Quero voltar a ser o que era, contudo penso que se não sei o que sou agora, bem verdade é que posso não saber o que eu fui. Desse modo, como pegar um caminho que inexiste para um lugar que desconheço?
Não sei o que eu era e já não sei o que sou, tudo o que sei, Antônia querida, é que não me suporto assim e preciso urgentemente traçar um sentido para o meu destino. Preciso me encontrar ou irei enlouquecer! Ajude-me, se possível for...

Com afeto,
Andrea B.

1 comentários:

  • 29 de dezembro de 2009 às 09:09

    Só se pode falar no que se é através daquilo que se foi. Mesmo assim ainda é somente uma vaga compreensão, até mesmo porque o que somos ainda une aquilo que escolhemos ser nesta síntese que costumamos chamar de "eu".
    Não há caminhos traçados, nós os traçamos. Não há sentido a não ser o que criamos.
    Não é simples compreender algo como existir. Mas nada nos impede de permanecer buscando.
    Nossa liberdade nos garante isso.
    Nossa vontade nos faz permanecer neste absurdo ou sair dele...
    Prefiro ficar por aqui mesmo.