Certa vez, ao conversar
com alguém por quem tenho grande admiração, sobre as injustiças
“da vida” e como costumamos fazer, colocando a culpa do nosso
sofrimento no outro, cheguei à conclusão de que as pessoas estão
apenas vivendo. A vida não é como a novela das oito, não existe
uma vilã que desperdiça todo o seu tempo tramando pra destruir a
vida das pessoas! Talvez exista no mundo hipócrita da política, mas
eu tô falando aqui de gente simples, comum, como eu. As pessoas estão apenas
vivendo suas vidas, cada qual do seu jeito, sem calcular se as
atitudes por ela tomadas vão ferir o outro. As pessoas não estão
nem aí, na verdade, e talvez esse seja o problema. Elas tem apenas
agido no espaço, sem considerar que esse espaço é o mesmo do
outro.
Depois disso comecei a
analisar cada passo meu, sempre levando em conta o fato de as pessoas
viverem, simplesmente e, relembrando algumas atitudes que já tomei,
concluí que eu estou sempre magoando quem me ama, sempre fazendo com
que pensem que não me importo. É que amar tem sido cada vez mais
difícil, ou pelo menos demonstrar, transferir, retribuir amor... E
de que adianta um amor guardado para si?
Faltam-me controle e a tal empatia. Controlar os impulsos... Mas então, já não seria viver. Pensar antes de agir não é fácil,
pensar no outro antes de agir, mais difícil ainda! Às vezes age-se
sem pensar porque não se quer deixar de agir e muitas vezes quando
pensamos, desistimos ou nos arrependemos. Não acho que devamos agir
pensando sempre no outro, um pouco de egoísmo às vezes é bom, mas
sair por aí tomando qualquer atitude no fim acaba gerando
consequências quase irreversíveis e aí, meu amigo, vai ser
no mínimo bastante trabalhoso recuperar e reorganizar a teia de
relações onde você se insere porque viver por viver é muito mais
fácil e, como já disse, empatia anda em falta nesse mundo.
Audrey Hepburn fala de amor em "Cinderela em Paris" (=